segunda-feira, 18 de junho de 2007

Diretoria Acadêmica da Unicamp ocupada!!!


Ontem, 18 de junho de 2007, a Diretoria Acadêmica (DAC) da Unicamp foi ocupada pelos estudantes. Essa é a segunda ocupação deste ano. A primeira ocorreu em março, na reitoria, reivindicando o posicionamento do reitor contra os decretos do governador José Serra, a reforma e a ampliação de vagas na Moradia Estudantil, além da autonomia dos estudantes em organizarem as eleições para seus representantes (RDs), nos órgãos máximos de decisão da universidade.

Tivemos avanços com esta ocupação, como o posicionamento do reitor Tadeu Jorge contrário aos decretos, o afastamento da professora Kátia Stankato da coordenadoria da Moradia Estudantil e a aprovação no CONSU da autonomia dos estudantes em eleger seus RDs. Porém, continuamos organizados, pois algumas questões que se referem à Moradia Estudantil não foram cumpridas.

A partir da grande repercussão desta ocupação, foi desencadeada uma luta estadual - com paralisações, piquetes, ocupações e greves na USP, Unesp e Unicamp - pela revogação dos decretos, extinção da Secretaria do Ensino Superior e pelo aumento do financiamento público para as universidades estaduais. Mesmo após os aparentes recuos de Serra, com o decreto declaratório, as mobilizações são necessárias e continuam, uma vez que a autonomia universitária não foi garantida e a Secretaria de Ensino Superior se mantém. Por isso, os estudantes da Unicamp, reunidos em Assembléia dia 18/06, decidiram por ocupar a DAC com as seguintes reivindicações:

* Revogação dos decretos do governador José Serra:

- Posicionamento do Reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, perante o CRUESP, pela revogação dos Decretos nº 51460, 51461, 51471, 51636 e 51660, pela extinção da Secretaria de Ensino Superior e pelo reagrupamento das Universidades Estaduais Paulistas, Fatecs, ETEs e FAPESP em uma única secretaria.

* Não às punições:

- Que o Reitor da Unicamp se posicione, no CRUESP, contrário às punições de trabalhadores do SINTUSP, estudantes da USP e estudantes da Unesp de Araraquara e Presidente Prudente.

- Não à punição de professores, funcionários e estudantes mobilizados na Unicamp.

- Abertura de negociação com a Reitoria, CCG e CCPG, sobre o calendário de reposição das aulas com a garantia de qualidade das mesmas. A negociação deve ocorrer com a presença de estudantes e da Adunicamp.

- Reconhecimento da greve dos estudantes, sem atribuição de falta aos grevistas.

* Moradia Estudantil:

- Exigência de 1500 vagas na moradia com prazo para o início das obras.

- Comprometimento em alocação dos moradores de casas em obras, sem a diminuição do número atual de vagas na moradia, inclusive no processo seletivo.

- Aceleração do processo de vistoria e reforma das casas da moradia.

- Comprometimento em não instalação de catracas na moradia estudantil.

- Exigência de prazo para o início das obras da ampliação da moradia.

* Contratação dos funcionários e professores:

- Criação de um GT paritário para avaliar a reposição, via concurso público, do número de professores e funcionários em cada unidade da Unicamp, levando em conta a expansão sem qualidade e precarização do trabalho docente e técnico nos últimos dez anos. Este GT deve apresentar resultados em quinze dias.

Gostaríamos de esclarecer que a reitoria, por deliberação própria, nas primeiras horas da ocupação, cortou o fornecimento de energia elétrica no Prédio Básico, onde fica a DAC, e também no Ciclo Básico, inviabilizando as aulas nestes prédios.

Esperamos iniciar, o mais rápido possível, o processo de negociação com a reitoria da Unicamp, por meio de uma comissão, aprovada na última plenária, que dialogará de acordo com as reivindicações acima apresentadas. Ressaltamos nossa preocupação com a não punição dos estudantes que realizaram e mantêm a nova ocupação.

Saudações de luta,

Ocupação da Diretoria Acadêmica da Unicamp

26 comentários:

Anônimo disse...

Pelo amor de deus,
vcs continuam com essa falta de vergonha... agora é a DAC... Pq não pensam um pouco nas pessoas q vcs estão prejudicando com essa greve...

Anônimo disse...

vadios, saiam do prédio... covardes, vagabundos...

Anônimo disse...

Ocupação da Diretoria Acadêmica da Unicamp = caso de polícia.

Thiago disse...

Os caras entram aqui super nervosinhos mas sao anonimos!!!
Fico impressionado como nas discussoes e assembleias estes ai nao aparecem pra dar sugestoes ou ate mesmo se manifestar contra, mas aqui se camuflando pela net é muito fácil ser machinho, e ainda tem coragem de dizer:"covardes", poe a mao na consciencia, so os mais tapados nao conseguem perceber o objetivo de ocupar um lugar como a DAC, é claro que a organizacao sabe das implicacoes e nao pretende prejudicar os estudantes, é exatamente esta "revolta" que interessa pois pelo menos assim o bando de alunos egocentricos e Omissos da unicamp se poe a questionar e discutir alguma coisa, ou pelo menos fazem pressao na reitoria aumentando a velocidade das negociacoes, bom as vezes nem disso eles sao capazes, ficam reclamando dentro de casa ou mandando recados anonimos pela net...
Ah... e pra nao esquecer:
MEU NOME È THIAGO ZILIANI SOU DA QUIMICA E ESTOU NO 4o ano. sem mais.

Anônimo disse...

Só quem é estudante pode opinar sobre a universidade pública? A Unicamp pertence aos estudantes? que eu saiba, é uma instituição pública. E se eu quero ficar anônimo talvez tenha um bom motivo: gente que não conhece os limites da lei e do bom-senso está a um passo da bandidagem, prefiro não facilitar a vida de bandoleiro estudantil

Anônimo disse...

NOTA DA UNICAMP
A propósito da invasão das instalações da Diretoria Acadêmica (DAC) da
Unicamp e da tentativa de invasão da Reitoria por um grupo de estudantes, na
tarde de ontem, a Reitoria traz ao conhecimento público o seguinte:

1 – A invasão da DAC, além de representar um ato de violência incompatível com a tradição de diálogo existente na Universidade, traz prejuízos à vida acadêmica da Unicamp e aos próprios estudantes, impedindo, por exemplo, a emissão de diplomas e a homologação de teses de pós-graduação.

2 – Já foi iniciada apuração para identificação dos responsáveis, instalação de processo disciplinar e aplicação das penalidades previstas no Regimento Geral da Universidade, que podem ir da advertência à ***expulsão***.

3 – A Reitoria está tomando as medidas judiciais cabíveis para a preservação do patrimônio público e a normalização das atividades da Diretoria Acadêmica.

4 – A Reitoria não negociará com os invasores.
A REITORIA
Cidade Universitária Zeferino Vaz,
19 de junho de 2007

Anônimo disse...

Puxa vida Thiago, como é que vc explicar lá na roça que vc vai ser expulso da Unicamp? Explicar pro Seu Thiago, pra Dona Maria, pra sua namorada (a Rosinha) que vc teve a matrícula cassada por ter invadido um prédio público. "Ô meu fio, pruquê qui cê tinha qui invadi o tar do dac... agora vai ficá sem diproma... tava quase se formando... ô dó!"

Bom, deixa eu mandar um e-mail pra Reitoria falando do Thiago Ziliani do IQ. Quarto ano, né? obrigado.

Anônimo disse...

NA UNESP OS REITORES TAMBÉM VÃO PUNIR... BELEZA!
AH, E OS PROFESSORES GREVISTAS ABANDONARAM O BARCO... os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio

À Comunidade Unespiana,

Desde o início da atual gestão, em janeiro de 2005, a Reitoria tem participado sistematicamente de reuniões nas Unidades, ampliando o diálogo e a discussão sobre as prioridades e os rumos da Universidade.

Devido à nossa convicção de que a vontade institucional emana dos seus Colegiados Superiores, estimulamos a participação estudantil nesses Órgãos. Infelizmente, essa participação está esvaziada por falta de entendimento entre os próprios discentes, que, dessa forma, deixam de discutir e de participar de importantes decisões acadêmicas e administrativas.

Apesar de ainda não ter sido regulamentado o direito de greve para o serviço público, que é previsto pela Constituição Federal, reconhecemos sua legitimidade e o respeitamos como recurso de negociação.

No entanto, sobre as recentes invasões e ocupações de dependências da Universidade, a lei é clara e não nos faculta deixar de tomar medidas cabíveis diante do risco ao patrimônio público e de constrangimentos físicos e morais, que implicam não só a renúncia ao diálogo e ao uso da razão, mas também o desrespeito ao próprio estado de Direito, tão arduamente conquistado pela mobilização conseqüente de vários setores da sociedade brasileira.

Desse modo, não discutiremos reivindicações sob coação por meio de recursos violentos, não deixaremos de apurar responsabilidades, nem hesitaremos em recorrer à Justiça para restabelecer o respeito à civilidade, ao diálogo e à razão.

Marcos Macari
Reitor

Thiago disse...

Está certo, vcs ainda são os donos da razao meus amigos anonimos, quem saiba eu tenha que explicar na roça porque eu fui expulso da Unicamp hehehe, mas é uma pena que vcs só pensem no diplominha daqui a alguns anos, e aliás pode ser que ele nem venha, ou pior que nao tenha validade muito maior do que um técnico ou graduado Unip. É o cúmulo achar que o objetivo da ocupação é prejudicar os alunos, é claro que traz consequencias momentaneas, assim como os decretos as punicoes e tantas outras coisas tb trazem ou nao?, bom mas essas ao que parece nao mexe no futurinho de vcs. Se vcs sao contra, vao até e critiquem esse é o ojetiva da ocupação, vao ate a ssembleia em peso e se movimente, nao fiquem em casa bravinhos esperando punicoes. Como disse Dante, o inferno tem um lugar reservado para aqueles que ficam em cima do muro e para os omissos. Ah e só pra completar amigao, meu nome comleto é Thiago Erthmann Ziliani ok?! Abraco to esperando o jubilamento, e arcando com as consequencias do que falo e faço.

Anônimo disse...

Todo apoio à ocupação na Unicamp. Os estudantes tem um papel fundamental para conscientizar a sociedade sobre o que vem ocorrendo na Universidade Pública, ou seja, a sua destruição, aos poucos. Aqueles que defendem a Universidade Pública sabem o seu real papel na construção nacional e na formação de um pensamento autônomo frente aos países do centro!
Pela Liberdade de expressão daqueles que se opõem ao sucateamento da Universidade Pública!!!



Fabiana
Ex-aluna - Unicamp

Anônimo disse...

Vendem-se ou vende-se casas? - Indeterminação do sujeito

M. T. Piacentini
Vendem-se ou vende-se casas?

Muitos leitores, têm solicitado esclarecimento sobre a frase do título, tão comum em anúncios de imobiliárias e particulares. O que todos vemos é vende-se casas, sintaxe correspondente ao uso espontâneo da língua e de grande eficiência comunicativa. É uma forma aceita socialmente, ***mas não gramaticalmente***. A gramática normativa recomenda que o verbo aí vá para o plural para concordar ****com seu sujeito, que é casas. ***
"SAUDAÇÕES DE LUTA"... ps: a polícia já tá chegando para desalojar os que desconhecem o português. O resto pode ficar.

Anônimo disse...

Você é a favor? Você é contra?
Vá às assembleias e posicione-se!

É isso aí Thiago do IQ! Estou contigo nessa contra esses recionários covardes de merda, que nem pra se identificar tem coragem.
Para esses baba-ovo do Serra e filhotinhos da grande imprensa, meu nome completo é Jorge Eduardo Fermino Oliveira Silva, do primeiro ano da feagri.

Anônimo disse...

Ui Che Guevara, tu é corajoso, hein???? Saudações de Luta, companheiro!!! até a vitória final!

Já tem lugar nas páginas da história o heróico movimento revolucionário que tomou um prédio da burocracia de uma universidade do interior...

Daremos nosso sangue se preciso for! Sigam-me os que forem brasileiros! hasta la vitória! no pasarán!!! a DAC é do povo!

Anônimo disse...

Estudantes que ocupavam prédio da Unesp são presos

20/06/2007 - 17:23:17

E podem responder pelos crimes de invasão a prédio público e descumprimento de determinação judicial

Da redação do clicabrasilia.com.br, com agências

20 de Junho de 2007 20:16

Anônimo disse...

olá!
Gostaria de fazer um sugestão. Ontem eu passava pelo pb enqto vcs mostravam o debate com a marilena chauí. Achei interessante pois ela falava da autonomia, sobre instituição pública e estatal... Infelizmente não pude ficar pra ver até o fim. O q vcs acham de por no youtube, ou em qq site q sirva para mais pessoas terem acesso ao vídeo?
Além de ser legal divulgar um debate desses, os anonimos q vêm postar estes "interessantissimos" comentarios desinformados poderão ver o que pensa uma aclamada professora USP.

Obrigada

era isso

Anônimo disse...

Marilena Chauí aclamada? vc acredita em gente aclamada apenas por ser aclamada? vc já leu a obra dela? se ela é aclamada por uns, ela é seriamente questionada por muitos outros. Quanto a mim, tenho a impressão que seus argumentos não me convencerão nem um pouco. E, antes de mais nada, julgo que intelectual e professor público, que ganha dinheiro do povo, e ainda assim apóia atos ilegais, deve ser chamada às falas perante a justiça.

Anônimo disse...

Contra a violência: Em defesa da universidade pública e gratuita e de sua autonomia
JÁ SÃO 320 ASSINATURAS DENTRO DA UNICAMP, ALÉM DE NÚMERO QUASE IGUAL FORA DELA. É HORA DE TENTAR DEIXAR A RAZÃO PREVALECER. SAIR DA GREVE, DESOCUPAR, DIVULGAR AS QUESTÕES DE FORMA PACÍFICA, PRESSIONAR SEM RECORRER A ILEGALIDADE E À VIOLÊNCIA. ESTE CLIMA DE IRRACIONALIDADE VAI ACABAR DESTRUINDO NOSSA IMAGEM PERANTE A SOCIEDADE, E AS CONSEQUÊNCIAS DISTO SERÃO MUITO PIORES DO QUE QUALQUER DECRETO ATUAL. RESPONSABILDIDADE, CRIANÇAS

Os abaixo-assinados, docentes do ensino superior, vêem com apreensão o recorrente recurso à violência em nossas universidades públicas e gratuitas. Em nome de reivindicações muitas vezes legítimas, a discussão vem sendo substituída pelo monólogo autoritário, o diálogo pela truculência.

O recurso à coação por piquetes e outras formas de violência e a invasão de prédios universitários constituem sintoma alarmante de degradação das relações entre as pessoas, logo em um ambiente que deveria prezar, acima de tudo, o diálogo. O progresso do conhecimento e a educação na universidade exigem a centralidade da razão, a liberdade de pensamento, a tolerância e o respeito à divergência como fundamentos.

A defesa da autonomia universitária exige determinação dos acadêmicos e de suas lideranças para demonstrar contínua e exaustivamente à sociedade e aos governantes que a comunidade acadêmica tem os meios para resolver suas disputas pelo debate e pelo diálogo, sem nunca recorrer à violência ou à ilegalidade.

Em defesa da universidade pública e gratuita, pautada no princípio da autonomia, do diálogo e do respeito à institucionalidade, os abaixo-assinados conclamam seus colegas a se unirem em repúdio a práticas que recorram à violência.

Anônimo disse...

Diretores de 19 da 21 unidades e de dois colégios técnicos da Unicamp elaboraram um manifesto contra a ocupação da Diretoria Acadêmica (DAC) da universidade. No texto, eles afirmam que a desocupação compromete a defesa da autonomia.

“A ocupação da DAC fragmenta de modo incontornável as nossas ações e compromete a continuidade da mobilização conjunta da comunidade acadêmica em defesa da autonomia universitária.”

Anônimo disse...

Queria perguntar para o anônimo que citou a questão dos estudantes da Unesp uma coisa. caso vc seja inteligente suficiente para tentar responder minha pergunta la vai ela: O q exatamente seria "invasão a prédio público"? tendo em vista que PÚBLICO é público, ou seja, de todos; meu, seu, do seu cachorro, do papagaio entre outros. Isto é crime? reclamar direitos também é crime?! Caso vc esteja estudando para alguma prova, por favor não se preocupe com minhas perguntas.
Obrigado.

Anônimo disse...

Prédio público é do povo, que, através de leis garantidas na constituição, delega aos órgãos competentes sua administração e seu zelo. Começa assim: um governo eleito pelo povo garante o suprimento de provisões financeiras necessárias para o funcionamento desta instituição, dinheiro este que vem (imagine de onde...) do povo (e não é pouco dinheiro). Respeitando as normas da autonomia, o reitor eleito pela comunidade (eleição que se dá também de acordo com as normas da autononia) destaca funcionários aprovados em concursos públicos para manterem em funcionamento os órgãos da administração universitária. Esta administração tem portanto um mandato público para zelar pelo bom funcionamento e uso apropriado das instâncias e dos bens que resultam do esforço de milhões. Se ela descumprir este mandato, estará em falta com o povo... Assim, justamente por ser do povo, o prédio não pode ser tomado por cidadãos com visão parcial e sectária, sem a legitimidade dos concursos, sem mandato nenhum dentro ou fora da comunidade universitária, ao arrepio das normas desta mesma comunidade (sem mencionar a ausência de bom senso). Normas estas que existem para fazer valer a boa administração dos bens públicos os quais... mas para que explicar isto? é tudo muito óbvio... Com certeza seu ensino secundário e sua formação familiar foram muito falhas; o que configura, talvez, um déficit cultural irreparável. Talvez seja um pouco tarde para vc entender, mas vou te dar apenas um indício do erro cometido pelos invasores: 19 dos 20 e poucos diretores das unidades da unicamp (aqueles que se posicionaram duramente contra o governo estadual a propósito dos tais decretos) repudiam a invasão ao DAC... Enfim, haveria mais o que dizer, mas acho que já há o suficiente para vc começar a pensar. Deixa eu voltar para meus estudos de história e sociologia.
Abraços, Abgail.

Anônimo disse...

MOÇÃO DOS DIRETORES CONTRA A OCUPAÇÃO DA DAC

Nós, diretores das unidades acadêmicas da UNICAMP, vimos manifestar nossa frontal discordância com o ato de ocupação da Diretoria Acadêmica da UNICAMP (DAC), no último da 18/06, efetuado por um grupo de estudantes. Trata-se de uma atitude inadequada, ainda mais porque, naquele momento, o CRUESP se encontrava reunido com as entidades do Fórum das Seis e representantes dos alunos para negociar os pontos pendentes da pauta de reivindicações, especialmente os relativos à assistência estudantil. Não havia, até então, nenhum impasse nas negociações que pudesse justificar uma medida intempestiva como essa.

Ações desse tipo, de resto, são incompatíveis com o espírito universitário. A mobilização política que se construiu a partir da divulgação dos decretos baixados pelo governador no início deste ano, envolveu igualmente os três segmentos das universidades em torno da defesa da autonomia, e foi a sintonia da articulação das ações de docentes, estudantes e funcionários que garantiu uma vitória significativa do movimento. A ocupação da DAC fragmenta de modo incontornável as nossas ações e compromete a continuidade da mobilização conjunta da comunidade acadêmica em defesa da autonomia universitária.

Trata-se de um ato antidemocrático, que restringe as possibilidades de coexistência de posições políticas, ideológicas e estratégias de luta distintas no meio acadêmico, afora contingencialmente interromper o processo de negociação em curso entre a administração e a comunidade.

Há ainda muito a fazer no tocante à defesa da autonomia e a grandeza da Universidade. Esta é uma luta constante que tem de ser conduzida ao quotidiano da vida universitária, sem prazo para terminar, e também sem suspensão de suas atividades ou posturas de confronto que deteriorem a relação de confiança entre as categorias. Especialmente sem que nos acostumemos a um estado de exceção que termine por dar fim àquilo mesmo que defendemos: a prática da liberdade de conhecimento e de criação.

Ressaltamos que a finalidade das nossas manifestações tem sido a defesa incondicional da universidade pública, gratuita, autônoma e de qualidade. Assumimos, desde o início, a bandeira da defesa da autonomia universitária, com a clareza de que essa é a finalidade mais elevada da nossa luta. Não admitiremos que se faça dela simples meio para a construção de mobilizações cujos objetivos extrapolam a vida universitária. Consideramos, portanto, que invasões indevidas de espaços da Universidade representam, elas também, um ataque à autonomia. Por essa razão, vimos por meio desta moção repudiar veementemente a invasão da Diretoria Acadêmica da UNICAMP. Trata-se de um ato que gera enormes prejuízos à produção acadêmica e que expõe negativamente a Universidade perante a sociedade. Conclamamos todos os alunos da Universidade, além de suas lideranças legítimas, para a imediata retomada da normalidade acadêmica.

Assinam este documento os Diretores do Instituto de Economia (IE), Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Instituto de Artes (IA), Instituto de Biologia (IB), Instituto de Computação (IC), Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW), Instituto de Geociências (IG), Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC), Instituto de Química (IQ), Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI), Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), Faculdade de Engenharia Química (FEQ), Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Faculdade de Educação Física (FEF), Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), Centro Superior de Educação Tecnológica (CESET), Colégio Técnico de Limeira (COTIL), Colégio Técnico de Campinas (COTUCA).

Anônimo disse...

Muito pobrigado por abrir meus olhos em meio a tantas nuvens, acredito mesmo que por meio de concursos e eleições legitimas nosso reitor e nossos funcionários trabalham por direito em prédios públicos, porém eu acredito que apesar de minha cultura ser falha e ter um défict cultural irreparavel, a greve é completamente legítima e a ocupação uma forma de fazer com que estas pessoas que trabalham nos prédios públicos, enxerguem o grande mal que estão fazendo com o nosso ensino. E coloco vc na mesma posição que eu, se vc me permite, como estudante que estara sendo lesado caso muitas das decisões de nossos concursados e eleitos continuem revigorando, e assim o nosso reitor eleito pela comunidade tente atender um pouco mais a aclamação dos estudantes que chegam ao ponto de ocupar os prédios para que se façam ouvidos. Quanto ao seu estudo de história e sociologia, espero que isso não tenha te atrapalhado, pois as vezes acho complicado atrapalhar cerebros tão mais superiores e com opiniões completamente certas sobre mim, e sobre meu nivel cultural.
Abraços, Raphael

Thiago disse...

tb acho que os meios de dialogo devem prevalecer e a razao ser a condutora das negociacoes, entretanto por mais que pareca Infantil atitude de greve e ocupacao, muito mais infantil é nao perceber que o governo, e as instituicoes publicas em geral, usam de meios burocraticos para nao ouvirem a populacao, sinceramente amigos, é muito tolo achar que os estudantes nao tentaram o dialogo, nao tentaram nas reunioes do CONSU e de tantas outras formas. O fato é que a DAC realmente é um ponto que atrai atencao, NAO È VANDALISMO PURO, os estudantes, na assembleia mesmo, deixaram claro que desocupariam se o dialogo fosse aberto, pois a reitoria sempre promete negocicao e depois foge da raia, como fez com a moradia que tem agora mais um predio sendo interditado. O tempo todo o governo ta cagando na cabeca do povo usando de meios "legais" como as medidas provisórias e tal e ninguem faz nada, a movimentcao dos estudantes que de uma forma ou de outra agitou muita gente, é uma maneira de se colocar contra algumas dessas arbitrariedades que estao sendo feitas. Acredito sim que violencia nao combate violencia, mas é fato que devemos pensar que o que esta sendo feito com a educacao publica de um modo geral é uma grande violencia com todos os brasileiros, que apesar disso nao fazem nada, ou melhor nao sabem de nada, ou mesmo nao querem saber de nada, só do seu diplominha, do seu salarinho e ta tudo certo, Pensar nos outros incomoda.
A verdadeira democracia nao é o direito que vc tem de defender os seus interesses, mas sim o direito de opinar sobre assuntos que trarao o melhor para TODOS, PARA TODOS.
um grande abraco

Anônimo disse...

reitor nenhum eleito pela comunidade deve negociar sob coação. isto é princípio básico da democracia, gostemos ou não da atuação particular deste ou daquele reitor.

Anônimo disse...

Raphael Cokero mudou, e pra melhor; primeiro, ficou mais educado. Antes, acusava de alienado quem fica estudando para prova em um momento tão importante para a política universitária; e quando pedia um esclarecimento a quem tinha uma opinião de que não gostava, fazia-o com a ressalva: "caso vc seja inteligente suficiente para tentar responder minha pergunta". Agora, continua um pouco irônico, mas é uma ironia mais amigável, um tom suave. Houve uma evolução. Me dá esperanças também o fato de vc ter passado a trazer argumentos mais significativos, no lugar de zombar de nós com questões sem sentido. Precisa ainda dizer para gente se continua levando a sério certas idéias estapafúrdias a respeito dos bens públicos; digo, se acredita mesmo que o prédio público, por ser público, pode ser usado por todo e qualquer um, segundo o capricho deste ou daquele; sendo, portanto, "meu, seu, do seu cachorro, do papagaio entre outros". Espero que já tenha se dado conta da enorme bobagem contida nesta sua colocação. Continuo a achar inverossímel que um universitário possa fazer esta colocação a sério. Ou tá zombando ou é... como direi... alienado. Em todo o caso, como houve uma certa evolução, vou dar uma colher de chá e explicar mais uma vez, só para garantir: claro que é crime fazer o que bem entende com o que é público. É o que as pessoas que abusam do direito sempre fizeram no país, por ex., privatizando áreas públicas (como nas chamadas grilagens de terra). Este tipo de discurso dá uma preguiça danada: o cara acha que está sendo original sem saber que está apenas dando argumentos para o que existe de mais atrasado na política brasileira: "é público, não é de ninguém" - dizem há séculos (em petit comité, claro), nossas elites predatórias... Maus hábitos são difíceis de apagar. Sinto muito, mas me parece que a atitude dos estudantes se parece muito com isto: um velho hábito das elites do país socialmente mais injusto de que tenho notícias, que é tratar o que é público com leviandade.

Vc diz que a questão é outra e aqui o nível sobe. Que se trata de "reclamar direitos". Vc reconhece também que "por meio de concursos e eleições legitimas nosso reitor e nossos funcionários trabalham por direito em prédios públicos"; isto foi muito alvissareiro; porque seria uma ingratidão imperdoável dizer que milhares de servidores públicos e mesmo alguns políticos (mais raros, mas não desprezíveis) não se dedicam, e se dedicaram, com abnegação, a tarefas públicas, frequentemente em total anonimato; pessoas que quando melhoram um pouquinho o mundo ao redor delas, através do trabalho público, se sentem recompensados. Talvez vc conheça algum servidor público que abdicou de carreiras mais rentáveis porque queria se dedicar, digamos, ao ensino ou à medicina pública em áreas menos favorecidas. Eu conheço vários e me odiaria se fosse injusto com eles em nome de argumentos vagos que normalmente saem da boca de gente fanática; gente que diz amar a humanidade em geral, desprezando cada um de seus membros em particular. Estas pessoas nos cargos públicos podem pensar diferente de mim e de vc, mas elas existem. Mesmo as que não são lá muito exemplares têm, por razões democráticas, o direito a visões diferentes. Como vc pode saber com tanta certeza assim que todas elas permanecem cegas para o que vc chama de "o grande mal que estão fazendo com o nosso ensino"?. Talvez elas encarem a coisa diferente porque têm outra experiência, e preferem, por isto,
agir de maneira mais eficaz, no lugar de ficar agitando-se freneticamente no fictício.
Vc parece alarmado diante da possibilidade de "muitas das decisões de nossos concursados e eleitos continuem revigorando" (vc quis dizer vigorando, né?). Há muitíssimos problemas, anteriores aos famigerados decretos, mas não é com atitudes insensatas que vamos mudá-los. A pressão é válida, mas não esta. Esta é, em primeiro lugar, contraproducente, pois joga lenha na fogueira de quem defende, por ex, a privatização das universidades. Mas o mais complicado é achar que é legítimo usar meios violentos para que "o nosso reitor eleito pela comunidade tente atender um pouco mais a aclamação dos estudantes que chegam ao ponto de ocupar os prédios para que se façam ouvidos". Aclamação dos estudantes? vc considera a ação tão popular assim entre os estudante? eu tenho uma outra impressão, que é a seguinte: nunca um ato político entre os estudantes deve ter causado tanto repúdio assim. Não confunda maioria em tal ou qual assembléia com "os estudantes". Isto é autoritarismo puro. Vc está indo na direção oposta da democracia. Democracia significa em grande medida mudar leis, mas num estado de direito mudam-se as leis dentro da lei, e não com atos ilegais. Se vc chegou até aqui acompanhe mais um pouquinho, não vou te cansar muito. Vou só te dar mais alguns exemplos, que acho que são esclarecedores: o povo escolheu Barrabás, e não Jesus, para ser libertado; o 'povo' condenou Sócrates; o 'povo' elegeu Hitler. Poucas vezes houve alguém mais aclamado do que este aí. Ele ouviu os anseios do povo e mandou os judeus e outros indesejados para vc sabe onde. Enfim, a história é um pouco útil, mas como vc ainda está no segundo ano, mais pra frente talvez se dê conta. Por enquanto, tente ficar ao menos com a dúvida. Isto talvez te impeça de fazer coisas das quais normalmente a gente se arrende quando não tem mais tempo para concertar: burrices e inustiças.

Anônimo disse...

(Correio Popular - Opinião - 21/06/2007)

A dissidência do homo sapiens

GERALDO DI GIOVANNI

O grande ensaísta Terry Eagleton, da Universidade de Manchester, disse em algum momento que a principal característica dos radicalismos contemporâneos é a ignorância. Os radicais de hoje desconhecem por completo a história dos movimentos sociais do passado, seja do ponto de vista de sua inspiração (libertária ou autoritária), seja do ponto de vista de seus métodos (pacifismo ou violência), ou seja, ainda, do ângulo de sua pertinência ao campo do estado democrático (legal ou ilegal). Isso parece ser verdade.

Se nós procurarmos entender o que vem se passando com o recente surto de invasões de unidades universitárias, vamos nos deparar com um universo caótico de práticas, violências e discursos que acabam sempre se negando uns aos outros.

Se tal discurso — nem sempre coerente — reveste-se de elementos libertários, como a autonomia universitária e a democratização dos processos decisórios, contraditoriamente, a prática verdadeira é a violência facista: arrombamento de portas e instalações, impedimento da locomoção de pessoas, violação do direito de trabalhar e estudar, profanação do espaço institucional com festinhas regadas a álcool e infladas por outros odores. O conjunto todo emite ainda uma simbologia sombria.

Quem viu as fotos da primeira invasão, a da Reitoria da Unicamp, e deparou com pessoas encarapitadas nos telhados, com máscaras improvisadas com camisetas, não saberia distinguir um ato “estudantil” de uma rebelião de presídio, pois o efeito estético é exatamente o mesmo. E talvez a retórica também o seja, na medida que sua conotação revela uma espécie de marginalidade voluntária, assumida por grupelhos políticos, às vezes mais, às vezes menos organizados, que se recusam ou não conseguem — por pura ignorância ou também por burrice — adentrar o universo do diálogo democrático, regrado por normas institucionalizadas de convivência, fruto de um longo processo civilizatório.

Entretanto, por princípio, é sempre necessário compreender os radicalismos. Muitas vezes eles surgem por falhas institucionais que não permitem a expressão das demandas geradas na dinâmica da vida social e dos processos políticos, alijando grupos e comunidades das possibilidades de participação cidadã. Outras vezes, são respostas a situações autoritárias que se sobrepõem às regras institucionais. Não parece ser esse o caso das universidades paulistas, que vêm aperfeiçoando nas últimas décadas seus arranjos institucionais e suas formas internas de participação política, seja pela via de seus órgãos diretivos (departamentos, congregações, conselhos, entre tantos outros), ou seja pela via associativa (associações de docentes, sindicatos e diretórios estudantis). A institucionalidade de nossas universidades nos dias de hoje permite que todas as questões sejam solucionadas dentro da legalidade, da legitimidade e das boas práticas da sociabilidade política democrática.

Mas como então explicar tal surto de radicalismos? De um lado, trata-se de uma profunda ignorância sobre a natureza e os processo de participação política democrática vigente, o que poderia ser corrigido com um bom esforço pedagógico. De outro, trata-se de burrice e oportunismo (dos quais Eagleton não fala) de grupos atavicamente ressentidos que, dentro ou fora das academias, são os perdedores constantes no advento de nossa jovem democracia, Para eles a universidade e seu papel social não importa. O que lhes é caro, além de seus próprios interesses pessoais ou políticos, é a interminável sucessão de confrontos, não com pessoas ou instituições, mas com a democracia. É a dissidência do homo sapiens.

Geraldo Di Giovanni é professor aposentado, ex-diretor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da mesma universidade